Ainda há esperança?

Há duas ou três semanas atrás, pelas dez da manhã, a minha jovem sócia resolveu levantar dinheiro numa caixa multibanco da Av. da República, a caminho do escritório. Depois de introduzir o cartão e teclar o código foi surpreendida por dois adolescentes romenos, que entre puxões e encontrões conseguiram roubar-lhe cem euros. Até há pouco existia ali perto, na Av. João Crisóstemo, uma esquadra da PSP, entretanto encerrada. Presentemente, a mais próxima fica no Campo Grande, pelo que para mais não serviu que para receber a queixa. O «incidente» terminou há dias, quando foi notificada do arquivamento, por impossibilidade de identificar os autores do crime. Lembrei-me desta história quando hoje visionei o programa «Aqui e Agora» da SIC sobre «Crise e Crime», no qual se debateu se Há um novo tipo de assaltos e assaltantes, nascido da crise económica? Ou a crise não serve de justificação? Sei bem que é a recente proliferação de histórias iguais à da minha sócia que mobiliza o interesse dos cidadãos para este tipo de debates quando, na verdade, o problema que interessaria debater é o de saber se a crise não é ela própria um crime, resultante de uma gestão criminosa da economia global, e se os meios que estão a ser mobilizados para a esconjurar não serão ainda mais criminosos que o crime que a gerou, como muito bem referiu, naqueles que foram os dez segundos mais interessantes do programa, o Advogado José António Barreiros. Antes dele, o Juiz Desembargador Rui Rangel havia louvado as virtudes da democracia e referido que, apesar de tudo, os cidadãos devem ter esperança. Talvez devessem, mas sendo este o cenário dos tempos mais próximos, acho difícil que consigam...

Das vantagens de ser bobo [ou será burro?]

O Governo está «contra [a] leitura literal de estudo que prevê pensões equivalentes a metade dos salários» daqui por vinte anos, leio no JN. Ainda hoje o Ministro Manuel Pinho fez saber que «Portugal goza de uma situação financeira relativamente sólida apesar da crise económica» [AF]. «Relativamente», note-se, que é uma maneira menos óbvia de dizer até ver...

And Now For Something Completely Different, um poema de Clarice Lispector intitulado «Das vantagens de ser bobo» [não confundir com burro!]




Portugueses, inté!