No pasó... :-)

Esta notícia que hoje encontrei no Correio da Manhã fez-me lembrar uma velha anedota sobre um galego, proprietário de uma tasca,  que em cada conta que fazia aditava uma parcela, que misteriosamente designava por si pasa. Sempre que um cliente mais curioso lhe perguntava o que era aquilo, o galego tirava o lápis da orelha,  riscava a dita parcela e murmurava um no pasó ...  

O magma grego

«Situação complicada e complexa, que corre o risco de se manter por muito tempo», ouvi, há minutos, do jornalista da RTP Paulo Dentinho, sobre a noite passada, no bairro Exarchia, em Atenas, deixando perceber a sua incapacidade para explicar a notícia. Fui «varrer» os jornais à procura de pistas, susceptíveis de tornar menos incompreensível a realidade subjacente à espantosa imagem de uma árvore de Natal a arder, frente ao edifício do Parlamento grego e encontrei-a nas palavras do demissionário reitor da Universidade de Atenas, citado pelo EL PAIS: «Há um divórcio entre a juventude e o sistema. Os programas políticos esqueceram-se deles, e o que agora peço aos partidos é que, de uma vez por todas, cheguem a acordo quanto a medidas que permitam salvar a educação e impedir que se acumule mais raiva. Quero acreditar que ainda vamos a tempo». Aí se fala, também, de «Ilias, de 21 anos, e de Irini, com 17, que são dois dos "milhares de anarquistas gregos" que ocupam o edifício da Universidade Politécnica de Atenas. (...) Ilias é técnico de electricidade e procura trabalho desde que terminou a formação profissional, há três anos atrás. Integra os 23% de gregos desempregados, a percentagem mais elevada da União Europeia. Irini estuda um ramo da Informática. "Tem mais saídas e não tens de pagar uma escola privada para aprender, como acontece na secundária". Ambos se queixam do abandono em que se encontra o sistema educativo. "Há jovens que ainda frequentam escolas instaladas em contentores desde o terramoto de 2006", afirma Elias. E pese embora o grande crescimento económico do país, caso encontrem trabalho, têm de contentar-se com um salário de 500 euros mensais. Quem consegue viver assim?". E ainda que fossem universitários, o salário não seria superior a 700 euros. Esta geração mal paga é o ingrediente principal de um "magma explosivo" - palavras do reitor ateniense - rápido a eclodir».
Agora entendo, olá se entendo! Basta lembrar-me das dezenas de currículos que me chegam pelo correio, cada vez que o fim de um ano lectivo se aproxima, jovens licenciados em Direito «implorando» estágio, ultimamente outros licenciados à procura de um lugar de administrativo, secretário, recepcionista. Jovens que, na sua esmagadora maioria, trabalham - quando trabalham - em condições de quase escravatura, mal pagos, em regime precário, os tais «200 mil trabalhadores a recibos verdes» que o Governo escolheu multar este Natal, sim, porque alguém vai ter de pagar estes «estímulos»...