"Estar vivo é o contrário de estar morto"

“Verificámos que houve um aumento significativo das diligências marcadas para a última quinzena de Julho e a primeira de Setembro”, garantiu o ministro da Justiça ao DE (cfr. aqui) .

Pois... É que antes, - e sem falar nos processos urgentes -, pura e simplesmente não havia diligências.

Como alguém já disse, "é que estar vivo é o contrário de estar morto"... :-)

Leituras

Hoje fico-me por umas sugestões de leitura:

Um notável artigo na revista The New Yorker, intitulado "Prisioners", que podem ler aqui. Um pequeno excerto, só para abrir o apetite:
“The United States does not torture,” the President said. “I have not authorized it and I will not authorize it.” This was a lie, and most of the world knows it.The lie, and the reality that the phrase “an alternative set of procedures” is meant to conceal—simulated drowning, sleep and sensory deprivation, induced hypothermia, beatings, and other forms of torture that are responsible for some of the dozens of detainee deaths considered to be homicides—have done more to embolden America’s enemies and estrange its friends than anything Osama bin Laden might say or do.

Por cá também se escrevem bons artigos de opinião. No DN encontrei este, sobre o "pacto da justiça", que também gostei de ler. Aqui fica um excerto:
(...) em três décadas o sistema judicial foi incapaz de concluir investigações manifestamente letais para alguns políticos, de incomodar as lideranças partidárias com inquéritos que soubessem enquadrar os factos na sua relação com o financiamento ilegal dos partidos e o mais grave dos crimes que lhe é adjacente, a corrupção.
Os factores de obstrução foram do ininterrupto delírio legislativo, fazendo com que o chamado "legislador político" - essa mítica e abstracta entidade que vagueia ao sabor da demagogia partidária pelos escombros das promessas eleitorais - transformasse o Parlamento numa mera câmara de ressonância das intenções de cada Governo, até à incapacidade das magistraturas e polícias em lidar com os bloqueios legais.(...)

Sabe bem ler estas coisas. Fica-se a saber que ainda há gente que pensa.

Ainda o "Pacto da Justiça"

Hoje, ao ler este artigo publicado no NYTimes, compreendi melhor o enquadramento desta notícia do DN, e percebi que no meu "post" de sábado cometi a injustiça de misturar realidades muito diferentes.

Efectivamente, o que está a ser sindicado pela opinião pública americana é a forma como foram utilizados os poderes especiais atribuídos ao Presidente, imediatamente a seguir ao atentado às torres gémeas.

E se é verdade que o executivo americano nem sempre se rege por padrões de civilidade que, na Europa, damos por adquiridos, não é menos verdade que o sistema de "pesos" e "contrapesos", próprio da organização política americana, funciona. Assim o demonstram a recente decisão do Supremo Tribunal de Justiça (cujos juízes são, como se sabe, inamovíveis) e, agora, a decisão de alterar os "Manuais" do Pentágono, tudo sob o escrutínio atento dos "media" e da opinião pública.

Por cá acertam-se, no recato dos gabinetes, as medidas para a Justiça que, no Parlamento, os deputados da Nação irão votar, provavelmente sem grande discussão, e que se admite terem sido, em grande parte, determinadas por um processo judicial, no qual estão directamente envolvidas figuras públicas e dirigentes políticos.

Convém ter presente que uma parte substancial dessas medidas vai mexer com as carreiras dos magistrados em geral, e também, presumivelmente, daqueles que estão a intervir nesse processo, que está ainda longe do seu termo.

Por conseguinte, é fácil perceber que qualquer semelhança entre as realidades acima descritas, a existir, será pura coincidência...

"Democracia à portuguesa"

"O ministro da Justiça, Alberto Costa, reconheceu ontem ao DN que grande parte da reforma do sistema judicial ontem acordada entre o PS e o PSD foi guiada pela experiência de um caso judicial concreto. Por sinal, um processo que envolveu a cúpula do PS - o então líder, Ferro Rodrigues, e o seu número dois, Paulo Pedroso, que chegou a estar quatro meses em prisão preventiva - ou seja, o processo Casa Pia" (cfr. aqui)

Cá o "pessoal" já suspeitava, mas assim sempre ficamos com a certeza, e nem sequer foi preciso um inquérito parlamentar...

Por aqui se vê a "superioridade" da "democracia à portuguesa"... :-)