Os magistrados do futuro

O Gabinete de Estudos Jurídico-Sociais do CEJ realizou um estudo sobre "Quem são os Futuros Magistrados", através do qual ficamos a saber que, no Curso Normal de Formação de Magistrados (2006-2007), 84% dos auditores são do sexo feminino, naturais e residentes nos grandes centros urbanos, provêm de famílias com "níveis culturais e socioprofissionais elevados", maioritariamente solteiros, não têm filhos e residem em casa dos progenitores, sendo ainda de registar que a idade média dos candidatos baixou para 26,6 anos.

Dizem esses auditores que decidiram candidatar-se antes de terminar o curso de Direito, mas "a precocidade deste tipo de decisão não se mostra acompanhada, contra o que seria de esperar, pela preferência quanto à magistratura a seguir". Precoce ou não, certo é que a grande maioria tomou essa decisão logo que verificado o requisito dos 2 anos decorridos após a licenciatura, exigido pela actual lei.

Verificou-se também que os mais bens sucedidos na primeira tentativa de entrada são, maioritariamente, jovens e do sexo masculino, licenciaram-se em universidades públicas com notas elevadas, e frequentaram um curso de preparação para o concurso de ingresso.

Finalmente, "a grande maioria dos auditores indicou exercer a advocacia como actividade profissional à data da candidatura ao ingresso no CEJ: 87% no XXIV Curso e um pouco menos, 75%, no XXV Curso".

Pois... Há que reconhecer que a advocacia é cada vez menos uma opção de vida, e a magistratura cada vez mais um emprego... :-(

3 comentários:

Pedro disse...

Cara Colega,

Concordo inteiramente consigo. Só tenho de acrescentar uma coisa, além de ser um emprego (e não um trabalho), é um emprego extremamente prestigiante.

Aliás, basta ver a laivos de superioridade que abunda pelos jovens magistrados, sejam do MP ou judiciais, quando iniciam a sua carreira. Mas esta é só a minha opinião.

Entretanto, e desde que saibam de Direito e sejam competentes, isso é só o que interessa.

Cumprimentos

P Amaral disse...

Concordo com a ideia do emprego. Mas o que dizer de alguém que no 2.º ano da faculdade decidiu ser juiz? E hoje é. É falácia, é falsidade, é a busca do emprego a todo o custo? Claro que não digo que a vida de advogado é fácil (os meus amigos mais próximos são advogados, não juízes), mas o resto é só um emprego?

Nicolina Cabrita disse...

Caro Paulo,
Seria errado afirmar que hoje em dia não há quem faças as escolhas por vocação. Não era isso que eu queria dizer.
O que me parece é que nos dias de hoje é cada vez menos por essa razão. Esse é que é o problema.
E se o juiz que tomou a decisão no 2.º ano da faculdade for um em quem eu estou a pensar, quem dera que todos fossem como ele!
Cumprimentos :-)