Durante muitos anos, no Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, existiu um Formador chamado José Carlos Mira, que adorava explicar aos jovens licenciados em Direito o que era um processo judicial. Para o efeito usava os truques mais mirabolantes, como cantar o «eu tenho dois amores» do Marco Paulo, para lhes lembrar a diferença entre suspender e interromper um prazo, ou exclamar «mãe há só uma!», cada vez que um estagiário chamava citação a uma notificação. Memoráveis são, também, as divertidíssimas histórias que inventava, através das quais ensinava a técnica de construir um articulado, depois uma base instrutória e, finalmente, como é que a partir dela se inquiria testemunhas, em simulações de audiências de julgamento.
Diz quem assistiu que nestas sessões havia tanto de ensinamento quanto de galhofa. Não admira, por isso, que tenham ficado para sempre gravadas na memória. Infelizmente, e a julgar pelo que por aí se lê, nem todos conhecem a História da Ordem, pelo que talvez seja de pedir aos antigos formandos do José Carlos Mira que recordem, agora, estas memórias.
Diz quem assistiu que nestas sessões havia tanto de ensinamento quanto de galhofa. Não admira, por isso, que tenham ficado para sempre gravadas na memória. Infelizmente, e a julgar pelo que por aí se lê, nem todos conhecem a História da Ordem, pelo que talvez seja de pedir aos antigos formandos do José Carlos Mira que recordem, agora, estas memórias.
4 comentários:
Excelência,
Faz favor de mentir como se não houvesse amanhã! :)
http://adaeternum.blogspot.com/2009/02/tambem-tu-brutus.html
Se ao tempo do Senhor Dr. José Carlos Mira fizesse "1ª página" o acontecimento de uma simulação de julgamento ou de consulta, bom... a "1ª página" do sítio do CDL não dizia outra coisa e era só isso: notícias de simulação de julgamento ou de consulta.
Maria Rita Silva (a.k.a. MRDS)
P.S. Não foi formanda de direito, mas de facto do Senhor Dr. José Carlos Mira.
Eu posso testemunhar, com conhecimento directo de causa, como eram proveitosas, divertidas e enriquecedoras as sessões com o Dr. José Carlos Mira, nas quais tive o privilégio de participar!
Fui sua formanda no 2.º Curso de 2001.
Já lá vai algum tempo, mas recordo cada sessão como se tivesse acontecido ontem.
Aprendi imenso com as suas estórias, os seus exemplos práticos, tudo sempre temperado com uma inigualável dose de boa disposição e apuradíssimo sentido de humor.
Naquelas sessões toda a gente estava desperta! Não havia a sensação de "seca", nem a de "o formador está a falar do quê?". O Dr. José Carlos Mira, envolvia-nos, puxava por nós, dizia piadas com as quais nos identificávamos, criava estímulos e menomónicas engraçadíssimas das quais nunca mais me esqueci!
Às sessões do Dr. Mira ninguém faltava! Estavam sempre cheias! Eram sessões descontraídas e com aprendizagem garantida.
Nos intervalos, não raras vezes, o grupo de formandos mantinha-se junto, à entrada da sala 1, em amena e saudável "cavaqueira" com o seu Formador, sempre dentro das fronteiras do respeito mútuo.
Nós, estagiários, éramos importantes!
Sentiamos afecto, compreensão e que tinhamos um Formador eivado de uma imensa vontade de ensinar aos mais novos aquela sua sabedoria de "macaco velho", como, com imensa graça, se auto-intitulava.
Quem saiba um mínimo de pedagogia (ainda que apenas por pura intuição), conhece a eficácia das tecnicamente chamadas "âncoras positivas". É que o ser humano faz ancoragem das suas experiências. O que quer dizer que estímulos verbais, auditivos e olfactivos podem gerar âncoras positivas (fazem-nos recordar algo agradável), tanto quanto podem gerar âncoras negativas (experiências desagradáveis, maçadoras, tormentosas).
Ora, o que o Dr. Mira fazia connosco eram ajudar-nos a criar âncoras positivas com o Processo Civil, naquele clima descontraído, mas responsabilizador.
Fazendo-nos sentir à vontade, com uma piada ou outra, o Dr. Mira jamais fazia com que esquecessemos a importância de bem articular (e se era rigoroso!), a essencialidade de destrinçar conceitos (como os de citação e notificação; como defesa por excepção e por impugnação; como excepção peremptória e dilatória, etc!) e o nó górdio que é a contagem dos prazos.
Fazia sempre com que nós, cientes da importância das matérias, percebessemos que estando descontraídos (desligando o complicómetro, como dizia!) atingiamos melhores resultados.
Assim, se aliava rigor técnico com boa disposição!
Assim, se aprendia a pescar! Sem escolática, sem distanciamento do formador...
Bem a propósito, recordo-me agora de uma formação sobre a reforma dos recursos em processo civil. Foi ministrada pela Dr.ª TAA, em formato Conferência. Nesse dia, confirmei aquilo de que há muito já me vinha apercebendo por aqui: O Dr. Mira conseguiu passar a sua mensagem de pedagogia.
Aprendi imenso nessa formação e tenho a certeza de que, no final de um cansativo dia de trabalho, pouco teria retido, não fossem as constantes chamadas de atenção, com notas de humor, que a Dr.ª TAA fazia a diversos aspectos da reforma.
Desde "ponham aqui avisos em letras garrafais e com luzes de néon", para não nos esquecermos de aspectos importantes, ao "pacote de caldos de galinha" que nos entregaram com a cédula e que nos relembra, acima de tudo, perante as inconsistências da Lei a sermos prudentes e cautelosos, ficam ainda assim por enumerar muitos outros exemplos de humor que tornaram a aprendizagem eficaz.
Se há coisa que tem de ser feita no mundo da formação, dentro ou fora da Ordem (estou a tirar um curso de formação pedagógica de formadores e, por isso, não falo de cor), é premear e incentivar as boas práticas, aprender com os bons exemplos da formação que seja eficiente e eficaz!
Em pedagogia, ao premear e incentivar chama-se dar "REFORÇO POSITIVO"! Mesmo quando há aspectos a melhorar, apontam-se soluções e não o "dedo sabichão da cátedra"!
Se me permitem, o post (é isso que é!) deixado na página de entrada da OA, é uma vergonha e é infâme, porque, a meu ver, só quis pôr em causa a competência dos visados.
Se houver alguém que me consiga explicar qual a bondade do objectivo que se pretendeu alcançar com aquele texto, estou disponível para compreender...
A OA é (deve ser) espaço e liberdade de opiniões, de confronto de formas de pensar, em prol do bem comum e do aperfeiçoamento da profissão. Para mim, isto não deixa espaço a zonas cinzentas. Não há zonas cinzentas nas quais os fins possam justificar os meios. Nem há zonas para apontar o dedo, nem para aproveitamentos políticos, nem para "caça às bruxas".
Por aqui me fico, que já me bastam os ácidos gástricos que por aqui andam, fruto dos medicamentos contra a valente gripe que me assolou... :(
Cps,
FF
Olá, Nicolina:
Eu não posso falar do Dr. José Carlos Mira porque tive aulas com o Dr. Pereira de Rosa. O estilo era, pelas descrições que li, diferente mas a qualidade estava lá.
O meu sonho é um dia chegar lá... Ou perto.
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