À distância de trinta e cinco anos do 25 de Abril 1974, Vasco Lourenço, um dos capitães de Abril, afirma, desencantado, que a «a democracia está doente». Confesso que não sei se é a «democracia» quem está doente, se serão os portugueses, os europeus, os «ocidentais», a humanidade e os seus deuses. O que me parece é que discursos como este já cansam e não levam a lado algum, mas quem sou eu...
Li aqui que desde o passado dia 16 deste mês, e durante cinco longas semanas, aquela que é considerada a maior democracia do mundo, a Índia, está a votos. Estima-se que nalguns locais a percentagem dos votantes atingirá os 86% dos eleitores. As razões para uma tão reduzida percentagem de abstenções serão várias, mas para mim a mais interessante de todas resulta do comentário de um eleitor de 78 anos, Dasaratha Rama Iyer, que terá declarado que «he kept coming to vote for a higher cause.“God has allowed me to live to see that democracy is not demolished,”», disse ele, ou seja, «Deus permitiu-me que vivesse para verificar que a democracia não é destruída». Lendo isto talvez seja mais fácil perceber por que razão, este ano, a indústria americana escolheu «Slumdog Millionaire» como melhor filme. Danny Boyle, o realizador, descreveu-o como uma mensagem sobre a capacidade que cada um de nós tem de mudar o seu destino.
Vi-o há um par de meses atrás, e dele guardo a recordação de uma cena em particular, logo no início, aquela em que o jovem Jamal Malik relata a memória que lhe permitiu identificar um certo actor de Bollywood e responder a uma das perguntas que lhe é feita, durante o concurso. Trancado pelo irmão, Salim, numa miserável e original latrina, enquanto vê passar no céu, por cima de si, o helicóptero que transporta o dito actor, Jamal pondera entre ficar sentado a olhar para a fotografia que tem na mão ou sair dali pelo único caminho possível, que passa por saltar para dentro da fossa, a transbordar de excrementos. A decisão define o carácter do personagem e revela o seu destino, mas o mais importante de tudo, a meu ver, é entender que a escolha é dele.
Li aqui que desde o passado dia 16 deste mês, e durante cinco longas semanas, aquela que é considerada a maior democracia do mundo, a Índia, está a votos. Estima-se que nalguns locais a percentagem dos votantes atingirá os 86% dos eleitores. As razões para uma tão reduzida percentagem de abstenções serão várias, mas para mim a mais interessante de todas resulta do comentário de um eleitor de 78 anos, Dasaratha Rama Iyer, que terá declarado que «he kept coming to vote for a higher cause.“God has allowed me to live to see that democracy is not demolished,”», disse ele, ou seja, «Deus permitiu-me que vivesse para verificar que a democracia não é destruída». Lendo isto talvez seja mais fácil perceber por que razão, este ano, a indústria americana escolheu «Slumdog Millionaire» como melhor filme. Danny Boyle, o realizador, descreveu-o como uma mensagem sobre a capacidade que cada um de nós tem de mudar o seu destino.
Vi-o há um par de meses atrás, e dele guardo a recordação de uma cena em particular, logo no início, aquela em que o jovem Jamal Malik relata a memória que lhe permitiu identificar um certo actor de Bollywood e responder a uma das perguntas que lhe é feita, durante o concurso. Trancado pelo irmão, Salim, numa miserável e original latrina, enquanto vê passar no céu, por cima de si, o helicóptero que transporta o dito actor, Jamal pondera entre ficar sentado a olhar para a fotografia que tem na mão ou sair dali pelo único caminho possível, que passa por saltar para dentro da fossa, a transbordar de excrementos. A decisão define o carácter do personagem e revela o seu destino, mas o mais importante de tudo, a meu ver, é entender que a escolha é dele.
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