Há dias li num blog, algures, um comentário em que alguém se afirmava afastado do blogumbiguismo. Fixei a palavra blogumbiguismo. Pareceu-me adequada para definir muito do que por aí se vê, net fora, e ponderei em que medida se aplica a mim. Hoje li que alguém andou a fazer perguntas a 937 incautos cidadãos para depois concluir que os portugueses estão «mais individualistas, não morreriam por nada, nem por ninguém, senão pela sua própria família». Acrescenta a notícia que «se fosse há dez anos, para oito em cada dez pessoas fazia sentido morrer para salvar a vida de alguém. Hoje, apenas 46 por cento respondem que morreriam nessas circunstâncias». Ora, morrer para salvar a vida de alguém é sinal de altruísmo, ou seja, o oposto de egoísmo. E o que é que isto tem a ver com individualismo? O autor do tal estudo esclarece: «é a noção de individualismo na sociedade e não o egoísmo que faz os portugueses responderem que concordam em parte ou totalmente que "cada qual cuide de si"». Entendi. Os portugueses, não só estão mais egoístas, como sabem menos português. Bate certo. Depois fiquei a pensar se para mim ainda faz sentido morrer para salvar a vida de alguém que não seja da minha família e cheguei à conclusão que sim. Aliás, para ser franca, não tenho assim em tão grande conta a generalidade dos parentes. No que respeita a alguns deles, sou até capaz de preferir um estranho. Portanto, talvez o meu caso integre os 2,75 de margem de erro do estudo. E se me parece possível concluir que não sou «individualista», então talvez escape ao blogumbiguismo. Talvez. Sempre vou para a cama menos infeliz. Vivam os portugueses!
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