Nós e os outros

Nas eleições para o Parlamento europeu apenas 43,01 por cento dos cidadãos foram às urnas, e tal correponderá, dizem, à «participação mais baixa de sempre». Há quem veja nesta aberração «vontade de castigar os protagonistas do teatro político». Antes fosse, mas tenho sérias dúvidas. Desconfio que é apenas mais uma manifestação do egoísmo e indiferença que corroem os espíritos dos indivíduos que constituem aquilo que se costuma designar por «sociedade civil». E seria de esperar outra coisa, quando nas instituições, no dia a dia,  o que se privilegia, a todos os níveis e em todas as áreas, é a condição de consumidor e se desvaloriza as questões de cidadania? Há umas semanas atrás a notícia era que, no outro lado do mundo, havia gente  a fazer quilómetros e a esperar, pacientemente, em fila, só para poder votar. A globalização tem destas coisas: um conceito inventado pelos gregos está, presentemente, a ser aplicado na Índia, com resultados significativamente melhores que na sua origem. E depois ainda há quem se admire do estado da nossa economia, como se esta e a política fossem realidades estanques...    

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